sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Seu vestido azul

Se o visse na vitrine, certamente o odiaria.
Jamais gostei dum tom daquele, aquele azul.
Quando te vi, primeira vez, talvez diria:
só me interesso a plena alma por teu nu.

Foi num forte dia de ventania, você, altiva, radiante, seduziu.
Tão distante da minha ironia, meus olhos, tenho fé, você não viu.

Pois não somente vi teus seios,
tua boca ou tuas coxas;
Vi-te toda, ao mesmo tempo que não vi:
Se há quem sinta emoção em ir pra cama (tirar a roupa),
ali senti a tentação de te vestir.

Sim, de te tirar daquele azul tão intrigante, e te pôr num amarelo ou encarnado.
Porque teu corpo, visto assim, num cintilante, não me atrai tanto quanto no azulado.


Se me amas, se me queres, pois me entenda: não há nada que precises mais fazer.
Vista aquele seu vestido azul, colado. Saia no vento, em meio tempo eu vou te ver.

De minha boca, soprarei aos teus ouvidos, desejando o corpo todo alcançar.
Numa soprada ver teu rosto, tão rosado. E teu vestido, tão azul, a levantar.

Pois de mim, não aguardeis, nem mesmo escrevas.
Eu não me julgo a atenção ser merecido.
Mas se eu te ver, naquele azul, azul vestido,
em meus sonhos, não mais serei o teu amigo:
mas aguardeis, pois sonharei ser teu marido.

Um comentário:

  1. Caramba! Adorei! Muito, muito bom! =) A Vestido deve ter adorado, me sentiria honrada! hehe :*

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O que vês e o que sentes?