terça-feira, 29 de setembro de 2009

O amor é como o vento

O amor é como o vento:

Que me leva a roupa, pêlo e tempo.

Qual vertigem, qual miragem,

Qual balbucio de criança, qual bobagem.

É a folha seca ao cair no outono.

É a noite que te fez perder o sono.

O caminho tortuoso, a música da caixinha.

O canto do pássaro, a beleza que agora é minha.

Amor, amor...

Amor, sem dor.

Amor ou torpor?



Postagem de 17/10/07 em http://fa13jornalismo.blogspot.com

Mundana

Sinto o cheiro do gudang.

À minha frente, um maço e tchan-tchan:

Gudang achado, pra ficar relaxado.

Meu suor escorre na mesa deste bar.

Reviro a carteira, com quanto posso me embebedar?

Cervejas viradas, já não me fazem efeito.

Me traga um whisky, me mostra teu peito,

Meretriz insolente! Tu cobras e descobres;

Tu sentas e atiças meus sentidos menos nobres.

Numa cruzada de pernas me levou o juízo:

Senhor, meu Deus! Estou à beira do abismo!

Converta-me, Deus, me tire deste chão!

Mas não hoje, Senhor, hoje eu sou mesmo este cão.

De rosto prostrado, abatido e acabado;

De mãos a pender sobre a mesa, drogado.

Bêbado e feliz.

De coração vazio e um forte cheiro no nariz:

Cheiro de gudang.

Me devolva meu maço, meretriz infeliz!


Postagem de 23/10/07 em http://fa13jornalismo.blogspot.com

Espelhos

Ver

A beleza de ser

Para o outro, o melhor que há

A pessoa de sua vida estará lá

A olhar-te nos olhos e ver em você

Aquilo que sempre sonhou para ser

Feliz eternamente

Ser

Aquilo que nunca imaginou poder

Para sentir o amor chegando

De mansinho e ocupando

Seu coração

Pois à sua frente está quem vai te fazer sorrir

E só te quer ali

Juntinho, você

Do jeito que és

Sinta o cheiro, adore a beleza.

Goze das palavras, louve a presença

Incomparável, de sentimentos à flor da pele

Fulminante em exaltação

Em carinhos inacabáveis

Em sorrisos sinceros

Em olhares profundos

Em respiração rarefeita

Em mãos que se tocam

Em corpos aproximados

Em pulsações aceleradas

Em corações apaixonados

Em braços que se abraçam

Em beijos que se beijam

Demorados...

Namorados...


Postagem de 23/10/07 em http://fa13jornalismo.blogspot.com

Matrimônio (Sem plural)

Tomei por esposa minha solidão.

Dela só largo se me tomarem pela mão

e me conduzirem à outra estação,

aonde eu não mande mais em meu coração.

Ou, alternativa,

esta, mais sem sentido:

seria fazer-me viver de novo a vida,

porém sem me ter dado por entendido

tudo que descubro sem querer,

querendo apenas descobrir

que estive sempre errado ao me fazer

errar para não atingir.

Tomei por esposa minha agonia.

Esta, agora, é minha filosofia:

sem amores, sem rancores.

Sem dúvidas, sem temores.

Sem dores

ou problemas sem final.

Sem ditadores

ou palavras no plural.


Postagem de 09/04/08 em http://fa13jornalismo.blogspot.com

A fuga

Meu coração, aquele bandido,
está foragido.
Fez estragos, disse coisas.
Deixou-me agora sem sentido.
Percebo, porém,
algo que me fora dito:
Foi embora por ser mal,
ou, por ser ele assim, não teria partido?
Ou merece atenção o fato
de ser dele bem sabido:
que eu sou um alguém tão chato
que nem o pior me haveria merecido?
Ora, cante comigo, au revoir!
Ninguém é obrigado a me suportar.
Fique onde está, volte se quiser.
Minhas emoções, deixei nas mãos de uma mulher.
Se ela não quis, azar.
Eu é que não vou me preocupar.

Postagem de 26/10/08 em http://fa13jornalismo.blogspot.com

Far away

Por ser estranha à minha boca a tua ausência
é que me obrigo a te escrever a minha dor.
Por ser normal eu não medir as consequências
venho falar-te que ainda tenho amor.

De vez em quando até tentava não lembrar
mas do teu cheiro, teus carinhos, não esqueço.
De tanto em tanto fiz-me bobo a cortejar.
Me diz, então, tua presença, eu não mereço?

E sem querer sinto vontades de tentar.
E sem tentar sinto vontades de querer.
É bem mais fácil nem tentar me dominar,
pois que no fim tudo me leva a te querer.

E neste instante, em quem pensas, por quem rezas?
Ou quem está contigo, a sós, no aconchego?
Igual a mim, na solidão, assim será?
Por companhia tenho só meu choro e medo.

Por esta falta, esta ânsia do teu seio
eu me limito a te lembrar do meu temor:
pois eu esqueço nessas linhas que não leio
de esquecer que meu desejo é teu amor.

Eu só queria entender. Mas, quem disse
que o amor é algo pra se explicar?
Sem rima, continuo tão distante.


Publicação de 09/03/09 em http://fa13jornalismo.blogspot.com